Crianças de 1 a 5 anos
1. Ensine a criança a pedir permissão antes de tocar ou abraçar um amigo. Use frases como “Sofia, vamos perguntar ao Henrique se ele gostaria de um abraço de despedida.” Se o Henrique disser “não” para o pedido, alegremente diga ao seu filho, “Tudo bem, Sofia! Vamos acenar um tchauzinho para ele e jogar um beijo!”.
2. Ajude seu filho a criar empatia explicando como algo que eles fizeram pode ter machucado alguém. Use frases como “Eu sei que você queria aquele brinquedo, mas quando você bateu no João o machucou e o fez se sentir muito triste. E nós não queremos que o João fique triste”.
3. Ensine as crianças a ajudar os outros quando estão com problemas. Fale com elas sobre ajudar outras crianças e a avisar adultos confiáveis quando outros precisam de ajuda. Use o animal da família como exemplo: “Oh, parece que o rabo do gatinho está preso! Precisamos ajudá-lo!”.
4. Ensine seus filhos que “não” e “pare” são palavras importantes e devem ser honradas. Também ensine que seus “não” devem ser honrados. Explique que assim como devemos sempre parar de fazer algo quando alguém diz “não”, nossos amigos também devem parar quando dizemos “não”.
5. Encoraje a criança a ler expressões faciais e outros sinais corporais: assustado, feliz, triste, frustrado, com raiva e etc. Jogos de charada com expressões são um ótimo jeito de ensinar as crianças a ler linguagem corporal.
6. Nunca force a criança a abraçar, tocar ou beijar qualquer um, por nenhuma razão. Se a vovó está pedindo um beijo e seu filho está resistente, sugira alternativas dizendo coisas como “Você prefere dar um abraço na vovó? Ou jogar-lhe um beijo, talvez?” Você pode mais tarde explicar para a vovó o que está fazendo e por quê.
7. Sirva de exemplo, pedindo permissão ao seu filho para ajudá-lo a lavar seu corpo. Encare com otimismo e sempre honre o desejo do seu filho de não ser tocado. “Posso lavar suas costas agora? E seus pés? Que tal seu bumbum?” Se a criança disser “não”, então dê a ela a esponja e diga “Ok! Seu bumbum precisa de uma esfregada, faça isso”.
8. Dê às crianças a oportunidade de dizer sim ou não em escolhas do dia-a-dia também. Deixe-as escolher suas roupas e ter opinião sobre o que usar, aonde brincar ou como pentear o cabelo.
9. Permita a criança a falar sobre seus corpos do jeito que quiserem, sem vergonhas. Ensine-os as palavras corretas para as genitálias e se faça de lugar-seguro para eles falarem sobre corpos e sexo. Diga “Estou tão feliz que você me perguntou isso!”. Se você não sabe como responder às suas perguntas do jeito certo, então apenas diga “Estou tão feliz que você está me perguntando sobre isso, mas eu terei que pesquisar. Podemos falar sobre isso depois do jantar?” e tenha certeza de cumprir sua palavra.
10. Fale sobre instintos. Às vezes algumas coisas nos fazem sentir estranhos, ou assustados, ou com nojo e nós não sabemos o porquê. Pergunte ao seu filho se isso já aconteceu com eles e ouça atentamente enquanto explicam.
11. “Use suas palavras”. Não responda à birras. Peça ao seu filho para usar palavras, até as mais simples palavras, para explicar-lhe o que está acontecendo.
Crianças de 5 a 12 anos
1. Ensine às crianças que o jeito que seus corpos estão mudando é ótimo, mas às vezes pode ser confuso. O jeito que você fala sobre essas mudanças – tanto a perda de dentes como pelos pubianos – vai mostrar sua boa vontade para falar sobre outros assuntos sensíveis.
2. Encoraje-os a falar sobre o que os faz sentir bem e o que os faz sentir mal. Você gosta de sentir cócegas? Você gosta de se sentir tonto? O que mais? O que te faz sentir mal? Estar doente, talvez? Ou quando outras crianças te machucam? Deixe espaço para seu filho falar sobre qualquer coisa que vier à cabeça.
3. Lembre seu filho que tudo pelo que ele está passando é natural, crescer acontece com todos nós.
4. Ensine seus filhos a usar “palavras seguras” durante a brincadeira e os ajude a negociar o uso de tais palavras com os amigos. Nessa idade, dizer “não” pode ser parte da brincadeira, então eles precisam ter uma palavra que fará parar toda a atividade. Talvez uma bobinha, como “brigadeiro” ou uma séria, como “eu tô falando sério!”. O que funcionar para todos eles está bom.
5. Ensine as crianças a parar sua brincadeira vez ou outra para checar os amiguinhos. Ensine-os a fazer uma pausa às vezes, para ter certeza de que todo mundo está se sentindo bem.
6. Encoraje as crianças a observar a expressão facial alheia durante a brincadeira, para ter certeza de que todos estão felizes.
7. Ajude a criança a interpretar o que ele vê no playground e com amigos. Pergunte o que ele pode ou poderia fazer de diferente para ajudá-los.
8. Não encha o saco das crianças pelos seus namoradinhos ou por ter paixonites. Tudo aquilo que eles sentirem é ok. Se a amizade deles com alguém parece ser uma paixonite, não mencione isso. Você pode fazer perguntas diretas, como “Como vai sua amizade com a Vitória?” e esteja preparada para falar – ou não – sobre isso.
9. Ensine às crianças que seus comportamentos afetam os outros. Peça a eles para observarem como as pessoas respondem quando outra pessoa faz barulho ou bagunça e pergunte a eles qual eles acham que será o resultado disso. Alguma outra pessoa vai ter que limpar a sujeira? Alguém vai ficar assustado? Explique às crianças como as escolhas que eles fazem pode afetar os outros e fale sobre quando é hora de fazer barulho e quais são os espaços para se bagunçar.
10. Ensine às crianças a procurar oportunidades para ajudar. Eles podem levar o lixo? Eles podem ficar quietos para não interromper a leitura de alguém no ônibus? Eles podem oferecer ajuda para carregar algo ou segurar a porta para alguém passar? Tudo isso ensina as crianças que eles têm um papel em ajudar a aliviar as cargas tanto literais quanto metafóricas.
Para adolescentes e jovens adultos
1. A educação sobre “bom toque / mau toque” permanece crucial, especialmente no ensino médio. É uma época em que surgem vários “jogos de toque”: bofetadas, meninos batendo um no outro nos órgãos genitais e beliscando os mamilos um do outro para causar dor. Quando as crianças falam sobre esses jogos, surge uma tendência em que os meninos explicam que acham que as meninas gostam, mas as meninas explicam que não. Temos que fazer as crianças falarem sobre como esses jogos afetam outras pessoas.
2. Construa a auto-estima dos adolescentes. No ensino médio, o bullying muda para uma identidade-alvo específica e a auto-estima começa a despencar por volta dos 13 anos. Aos 17 anos, 78% das meninas relatam odiar seus corpos. Observe a eles sobre sua imensa, suas habilidades, sua bondade e sua aparência. Mesmo se eles te encolherem de ombros com um “papai! Eu sei!” é sempre bom ouvir as coisas que o tornam ótimo.
3. Continue tendo “conversas sexuais” com alunos do ensino médio, mas comece a incorporar informações sobre consentimento. Faça perguntas como: “Como você sabe se seu parceiro está pronto para beijar você?” e “Como você acha que pode saber se uma garota (ou menino) está interessada em você?” É um ótimo momento para explicar o consentimento entusiástico. Sobre pedir permissão para beijar ou tocar um parceiro. Explique que apenas “sim” significa “sim”.
4. Corte a “conversa vestiário” pela raiz. O ensino médio é a idade em que a conversa sobre sexo começa em ambientes segregados por gênero, como vestiários e dormidas. Suas paixões e desejos são normais e saudáveis, mas precisamos modelar como falar sobre nossas paixões como um todo. Se você ouvir uma criança, diga: “Ela é uma bunda quente”, você pode dizer: “Ei, acho que você é mais do que apenas uma bunda!” Você pode mantê-lo brincalhão, e eles reviram os olhos para você, mas ele afunda.
5. É comum e perfeitamente aceitável ficar impressionado ou confuso com novos sentimentos hormonais. Diga aos seus filhos que não importa o que eles estejam sentindo, eles podem conversar com você sobre isso. Mas seus sentimentos, desejos e necessidades não são responsáveis senão os seus. Eles ainda precisam praticar bondade e respeito por todos ao seu redor.
6. Orientar adolescentes e meninos e jovens em idade universitária sobre o que é masculinidade. Pergunte o que não foi bom em nossa cultura de masculinidade no passado. Como podemos construir uma forma mais inclusiva de masculinidade que abraça todos os tipos de rapazes: de atletas a garotos de teatro, pessoas estranhas a todos os dias você e eu? Essas conversas podem incentivar uma forma não violenta de masculinidade para o futuro.
7. Deixe claro que você não quer que eles bebam ou usem drogas, mas que você sabe que as crianças fazem festa e quer que seus filhos sejam informados. Faça perguntas sobre como eles vão manter a si e aos outros em segurança. Tenha cuidado com o idioma que você usa com seus filhos para festejar. A responsabilidade nunca é da vítima de ter seu ataque. É sempre responsabilidade do agressor tomar a decisão certa e não prejudicar ninguém.
8. Continue falando sobre sexo e consentimento com os adolescentes quando eles começarem a ter um relacionamento sério. Sim, eles dirão que sabem tudo, mas continuam a conversa sobre consentimento saudável, respeito aos nossos parceiros e sexualidade saudável, mostrando o quão importante esses temas são para você.
9. Os adolescentes têm sede de mais informações sobre agressão sexual, consentimento e sexualidade saudável. Eles querem aprender e encontrarão uma maneira de obter informações sobre sexo. Se você for quem fornece essas informações – com amor, honestidade e consistência – elas levarão essas informações ao mundo com eles.
Artigo original em inglês no Buzzfeed.
0 comentários