Pois é queridas leitoras, nós recebemos tantas indicações de livros escritos por mulheres que essa lista rendeu uma parte 2.
Recebemos muitas dessas dicas através de nossas redes sociais ainda no fim de fevereiro oe inicio de março, depois disso veio a pandemia e tanta coisa aconteceu, a listinha ficou aqui guardada. Mas é hora dela sair da gaveta, precisamos estudar, ler, discutir gênero, raça, classe sob a perspectiva das mulheres. Reunimos livros sobre diferentes temas, como maternidade, feminismo e combate ao racismo. Dá uma olhada aí.
Calibã e a bruxa – Silvia Federici
As acadêmicas feministas desenvolveram um esquema interpretativo que lança bastante luz sobre duas questões históricas muito importantes: como explicar a execução de centenas de milhares de “bruxas” no começo da Era Moderna, e por que o surgimento do capitalismo coincide com essa guerra contra as mulheres.
Segundo esse esquema, a caça às bruxas buscou destruir o controle que as mulheres haviam exercido sobre sua própria função reprodutiva, e preparou o terreno para o desenvolvimento de um regime patriarcal mais opressor. Essa interpretação também defende que a caça às bruxas tinha raízes nas transformações sociais que acompanharam o surgimento do capitalismo.
O que é empoderamento – Joice Berth
Como mulheres de periferia do quarto de despejo da cidade, é importante falar o que entendemos como empoderamento a partir de nossas vivências. Não encontramos em nenhuma discussão produzida pelo movimento feminista branco uma possibilidade de construção de nossa identidade. Somos muitas, somos plurais. Nossa discussão sobre empoderamento é no sentido da busca que fortalece o grupo na caminhada dentro de uma sociedade desigual, racista, machista, preconceituosa. Empoderar o coletivo leva a conscientização, união e a transformação das pessoas e da comunidade. Especificamente nós, mulheres periféricas, buscamos estratégias sempre criativas de superar a desigualdade, o machismo, a violência e a maneira como a sociedade nos vê e reage diante de nossas lutas. Por causa de nossa história de opressão, silenciamento, marginalização, buscamos caminhos pra superação, daí o nosso entendimento do que seja empoderamento. Abrir a discussão sobre esse tema é vital pra nossa caminhada!
Por que lutamos- Manuela D’ávila
Um livro sobre feminismo. Através do olhar amoroso, da acolhida generosa, do entendimento de que este é um assunto de todas, todos, todxs nós. Não pretende ser uma bíblia do feminismo, mas sim, uma conversa, um abraço, um ponto de apoio, um boas-vindas pra quem acaba de chegar, um “que bom que você está aqui” pra quem já anda cansada de lutar. Escrito em tom de conversa, traz referências, sugere reflexões, desfaz o medo. Sin perder la ternura.
Revolução Laura- Manuela D’ávila
Este livro é o registro afetivo de uma mulher, mãe de uma criança de dois anos, que aceitou o desafio de concorrer à presidência do Brasil em novembro de 2017 e que, em agosto de 2018, tornou-se candidata a vice-presidente, chegando ao segundo turno. Uma mulher que percorreu um país continental, amamentando sua filha e construindo uma nova forma de ocupação do espaço político. Também é uma conversa, sobre uma jornada de aprendizado e acolhimento. Sobre privilégios; sobre as lutas para que privilégios não existam mais. É sobre direitos. É sobre feminismo e liberdade. É sobre afeto, carreira e amor, porque não tem sentido ser pela metade. É sobre estar e não estar; presença e ausência. Sobre ser mãe e mulher; ser madrasta e não ser bruxa. Sobre acolher, sonhar um outro mundo e ser o outro mundo sonhado. E, profundamente, é sobre uma revolução chamada Laura. Uma revolução de amor, de amor próprio, de potência. Porque depois de gerar um filho não há nada, nadica de nada que uma mulher não possa fazer.
Americanah – Chimamanda Ngozi Adichie
Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Quinze anos mais tarde, Ifemelu é uma blogueira aclamada nos Estados Unidos, mas o tempo e o sucesso não atenuaram o apego à sua terra natal, tampouco anularam sua ligação com Obinze. Quando ela volta para a Nigéria, terá de encontrar seu lugar num país muito diferente do que deixou e na vida de seu companheiro de adolescência.
Trechos de mim – Fernanda Marques
Da infância nas ruas pacatas de Massapê, Ceará, à vida adulta nas ruas insones de Nova York, Fernanda Marques personifica como ninguém a dualidade que é ter um coração interiorano vivendo na cidade grande.
Mãe do Liam, feminista, educadora parental e escritora, ela narra com coragem e sensibilidade a pluralidade que é ser mulher. Trechos de Mim é seu livro de estreia.
É fase- Rafaela Carvalho
Uma coletânea de crônicas, a continuação do Livro 60 dias de Neblina.Textos que descrevem, com emoção e humor, os desafios e as delícias da vida em família. A chegada de outro(s) filho(s), o cotidiano, o relacionamento, a alegria, as lágrimas e o cocô (afinal, #vidacomfilhos) que fazem parte do caos do amor que é a maternidade.
Quarenta dias – Maria Valéria Rezende
Quarenta dias no deserto, quarenta anos.” É o que diz (ou escreve) Alice, a narradora de Quarenta dias, romance magistral de Maria Valéria Rezende, ao anotar num caderno escolar pautado, com a imagem da boneca Barbie na capa, seu mergulho gradual em dias de desespero, perdida numa periferia empobrecida que ela não conhece, à procura de um rapaz que ela não sabe ao certo se existe. Alice é uma professora aposentada, que mantinha uma vida pacata em João Pessoa até ser obrigada pela filha a deixar tudo para trás e se mudar a Porto Alegre. Mas uma reviravolta familiar a deixa abandonada à própria sorte, numa cidade que lhe é estranha, e impossibilitada de voltar ao antigo lar. Ao saber que Cícero Araújo, filho de uma conhecida da Paraíba, desapareceu em algum lugar dali, ela se lança numa busca frenética, que a levará às raias da insanidade. “Eu não contava mais horas nem dias”, escreve Alice em Quarenta dias, um relato emocional e profundo.
Um defeito de cor- Ana Maria Gonçalvez
Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão. Inserido em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro e narrado de uma maneira original e pungente, na qual os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens.
A maternidade e o encontro com a própria sombra – Laura Guthman
Com a chegada dos filhos, muitos aspectos ocultos da psique feminina são desvelados e ativados. Estes momentos são, habitualmente, de revelação e de experiências místicas caso as mulheres estejam dispostas a vivê-los nesse sentido e possam encontrar ajuda e apoio para enfrentá-los. Ser mãe é uma experiência única e indescritível. Mas também é o ponto de partida para a vivência de inúmeros sentimentos e emoções aos quais as mulheres nunca foram apresentadas. Os períodos de pré e pós-parto são um marco, e enfrentá-los, um desafio repleto de incertezas e pequenas vitórias. Após anos dirigindo uma instituição de apoio à família, a psicoterapeuta familiar Laura Gutman trata com profundidade todos os aspectos que envolvem a experiência da gestação. A maternidade e o encontro com a própria sombra é uma leitura valiosa para as mulheres que precisam e desejam entender suas emoções durante essa fase e superar a insegurança, que pode prejudicar a criação de um filho.
A gorda – Isabela Figueiredo
Sucesso em Portugal, o romance é uma poderosa sátira a respeito de auto-imagem e preconceito de um dos nomes mais destacados da literatura portuguesa contemporânea. Maria Luísa, a protagonista deste romance tão engraçado quanto cruel, é uma moça inteligente, boa aluna, voluntariosa e dona de uma forte personalidade. Porém, ela é gorda. E inapelavelmente gorda. Essa característica física a incomoda de tal maneira que parece colocar todo o resto em xeque: sua relação com o mundo, sua vida sentimental (a relação complicada com David, seu primeiro amor), sua postura diante dos fatos. Adolescente, sofre e aguenta em resignado silêncio as piadas e os insultos de companheiros de escola. Divertido, cruel e desabusado, A gorda confirma Isabela Figueiredo como um dos grandes nomes da ficção portuguesa atual.
Poemas de recordação – Conceição Evaristo
Fazendo uso de variados recursos: uma rica visão poética emotiva e a tematização sentimental, social, familiar e religiosa; com coragem, experiência, estilo bem definido e uso de intertextualidades, são enunciadas pela autora a pobreza, a fome, a dor e “a enganosa-esperança de laçar o tempo”; assim como há espaço para a paixão, o amor e o desejo. Nada, porém, é superficial, gratuito ou excessivo em Poemas da recordação e outros movimentos, que se sustenta em crítica social e no profundo de cada experiência, a partir da produção de um conjunto de poesias fortes e criativas, de belo senso rítmico, cuja leitura desperta emoções, graças à empatia que se estabelece entre os que leem os poemas e a expressividade emotiva e literária de Conceição Evaristo, quando faz despontar os “mundos submersos, que só o silêncio da poesia penetra”.
A vida imortal de Henrietta Lacks – Rebecca Skloot
A vida imortal de Henrietta Lacks reconstitui a vida e a morte de uma das mais injustiçadas personagens da história da medicina. O livro demonstra como o progresso científico do século XX deveu-se em grande medida a uma mulher negra, pobre e quase sem instrução. Doadora involuntária da linhagem “imortal” de células HeLa, a mais pesquisada em todo o mundo, a protagonista do premiado livro de estreia de Rebecca Skloot recebe uma merecida e tardia homenagem.
Eaí, vocês já leram algum deles? Gostaram?
Sabemos que tem muitos outros títulos incríveis escritos por mulheres que não entraram pra essa lista. Você conhece algum? Conta pra gente aí nos comentários!
Quando lemos também incentivamos a leitura para os nossos pequenos, pois afinal, eles aprendem muito com o exemplo. Quer dicas de livros para as crianças? Nos conta que temas seus filhos mais gostam, que isso vai ser assunto de um próximo post.
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