Sempre que tenho a oportunidade de conversar com uma pessoa pergunto sobre as memórias das brincadeiras de infância que ela tenha. Custo a recordar-me das minhas, mas ao escrever essas linhas me vem à memória brincar de elástico, passar anel e rouba bandeira na rua da casa da vó. Outras vezes era brincar de dançar ou pique pega.
Infância é bom de lembrar. Pé descalço, correndo, pulando e gritando. Outra coisa que lembro era de adorar ganhar livrinho e fingir que era bibliotecária entre outras aventuras tipo acampar ou dar aula para meus amigos imaginários. Tinha vários.
Lembro de uma vez que peguei todas as roupas do cabide da minha mãe e montei uma lojinha no meu quarto, depois a convidei para a inauguração e cobrei por cada peça. Ela comprou tudo de volta com algumas moedas. Minha mãe é generosa assim.
Se eu não inventasse algo diferente para fazer depois do dever de casa ficava caçando insetos no quintal, tanajuras ou joaninhas. Era a criança que encontrava cobra coral e gritava o pai quase com a mão pra pegar a cobrinha colorida ou que encontrava escorpião na garagem e ficava admirando os gominhos e se cogitando se seria realmente perigoso pegar ele na mão.
Também gostava de copiar as palavras, de colorir e criar histórias com minha coleção de anjinhos. Eram 12 e os nomeei como Jesus Cristo nomeou seus apóstolos. Eles eram os meus apóstolos, e acho que no íntimo queria ser que nem Jesus. Ele contava parábolas e as pessoas o escutavam e se melhoravam.
Adorava (ainda adoro) os mistérios que existiam e existem na natureza e os mitos que contavam as origens da vida e da humanidade. As narrativas e imagens me encantavam. São poesia pura e verdadeiras lições sobre como ser um herói.
Deve ser essa a razão de eu ter afinidade com a escrita, uma afinidade por gostar de observar a vida e as coisas que me cercam. Às vezes ando na rua e o vento brinca entre meus dedos ou vejo que os pássaros cantam para dar boas vindas à lua quando entardece e para se despedirem da bela amiga ao primeiro raiar do dia.
Mas, isso tudo são privilégios. Dos quais sou profundamente grata, mesmo que não costumo orar a noite Àquele que eu queria ser quando crescesse. Cada dia que passa reafirmo o fato que ao escrever tenho orado à Deus, infelizmente em muitas escritas diárias há mais lamentos que agradecimentos.
É reconfortante pensar e acreditar que Deus escuta nossas orações, eis meu ponto de vista: Ele tem mais o que fazer como manter a Ordem Cósmica do Universo. Meus pequenos desconfortos e tormentas emocionais diárias, apesar de Ele saber delas antes mesmo que eu as perceba, são irrisórios se comparados à dança perfeitamente elíptica que cada planeta faz ao redor do Sol e de si mesmo.
Esses movimentos dos astros eram na antiguidade os movimentos dos deuses e deusas, eles nasciam prontos, se relacionavam para gerar cada fenômeno da Natureza, ela em si era a Grande Deusa Mae, criadora de toda a Vida. Esse Universo encantado e mágico que moramos se expande até chegar a nossa época materialista e ultra tecnológica, que nem sempre se importa com a magia por trás de cada átomo pulsante.
Estava aqui para falar das memórias de brincadeiras de infância e cheguei ao conflito entre o que é empírico e o que é subjetivo. Para além das dicotomias e polaridades que existem em tudo que é manifestado haverá uma terceira via.
As ideias são teses que se confrontam com antíteses para que cheguem a uma síntese, ou seja, um diálogo. Que nada mais é do que duas ideias em harmonia. As brincadeiras da infância são partes da minha origem. Elas formaram minhas habilidades e traumas e a partir deles tenho material de sobra para modelar a pessoa que quero ser. Te convido a fazer também esse resgate as suas origens.
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Artigo de opinião. Caso você discorde de algo ou queira acrescentar outro ponto de vista, vou gostar de saber.
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Foto destaque: Mariana Cançado
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