Como ajudar crianças a enfrentar as mudanças causadas pela COVID-19

Tudo está mudando muito rápido. Para todos, especialmente para mães, pais e responsáveis, isso tem gerado mudanças na vida cotidiana e certamente preocupações e incertezas. Para as crianças pequenas também é uma situação nova e elas percebem que algo está acontecendo.

As crianças pequenas sentem quando há mudanças no seu entorno e podem sentir as emoções e a tensão dos adultos ao seu redor, mas nem sempre entendem o que está acontecendo, o que pode gerar ansiedade, preocupação e medo.

As seguintes orientações são para falar sobre algumas mudanças ou reações que podem ocorrer nas crianças e que são ESPERADAS, dado o que está acontecendo, e para que você possa compreendê-las melhor, acompanhá- las e contê-las.

REAÇÕES QUE VOCÊ PODE PERCEBER NAS CRIANÇAS:

É importante que você saiba que crianças pequenas podem expressar suas emoções de diferentes maneiras. Elas estão numa fase em que estão desenvolvendo a linguagem e aprendendo a identificar suas emoções, mas muitas vezes não sabem que nome dar a elas ou como expressá-las.

Para as crianças pequenas com atraso no desenvolvimento e/ou deficiência, pode ser mais difícil comunicar suas necessidades, dores e emoções. As crianças muitas vezes se expressam através de reações ou mudanças que podem surpreender, mas aqui estão algumas ideias para que você possa compreendê-las melhor e ajudá-las.

Cada criança é unica! As expressões que apresentamos a seguir são exemplos. Pode ser que algumas das mudanças que apresentamos já estejam presentes em suas vidas, então o importante é observar as mudanças que surjam a partir da situação que estão vivendo, para saber como ajudá-las melhor.

0 a 2 anos

• Problemas com o sono, como acordar com mais frequência, dormir menos ou ter pesadelos.

• Aumento ou diminuição da vontade de comer.

• Aumento da irritabilidade, o que significa que podem chorar mais do que o habitual ou fazer birras mais frequentemente, por vezes sem uma razão clara.

• Aumento da necessidade de estar com você ou com os adultos que o cuidam.

2 a 3 anos

• Problemas para dormir, como não querer ir para a cama, ter dificuldades para pegar no sono, dormir menos e ter pesadelos ou terror noturno, ou não querer dormir sozinho.

• Aumento da irritabilidade, o que nesta idade significa que está mais nervoso ou ansioso, ficar mais bravo e fazer birras sem que se entenda muito a razão.

• Podem aparecer medos sem motivo ou choro que não se entende a razão ou que são de grande intensidade em relação ao motivo que o inicia.

• Aumento da necessidade de estar com você ou com os adultos que o cuidam.

• Podem aparecer comportamentos chamados “regressivos”, ou seja, podem voltar a fazer coisas que faziam quando eram menores, como fazer xixi sem avisar ou falar como bebês.

• Algumas crianças podem até mesmo sentir tonturas, dores de cabeça ou de estômago, mas é importante que você consulte um profissional de saúde se estes sintomas persistirem.

4 a 6 anos

Além das reações acima, também podem ser observados:

• Problemas de concentração.

• Realização de brincadeiras ou desenhos repetitivos.

• Realização de sons repetitivos.

• Falta de vontade de estar com outras crianças.

As crianças pequenas tendem a levar coisas à boca. Lembre-se de que esta é a forma como elas estão explorando o mundo, é parte do seu desenvolvimento e é este o modo como elas experimentam cheiros, texturas etc. No momento atual, isto pode preocupá-lo mais que antes, mas é importante que você não reaja de maneira exagerada, explique a eles a situação e se você mantiver tudo limpo no local de brincar, todos estarão mais tranquilos.

O QUE VOCÊ PODE FAZER?

Explicar à criança o que está acontecendo, numa linguagem simples e que possa ser compreendida de acordo com sua idade ou deficiência. É muito importante dar-lhes espaço para que façam perguntas ou levantem seus medos.

Contê-lo: abraçar, colocar-se à sua altura física, dizer-lhe que entende como ele se sente. Certamente você está passando por emoções semelhantes, só que você tem mais maneiras de expressá-las. No caso de estar mantendo distanciamento social por alguma recomendação preventiva, então suas palavras, tom e gestos também têm um efeito de contenção e calma. Nesse post do blog, apresentamos uma série de brincadeiras terapêuticas que podem ajudar com isso:

Lidar amorosamente com choros ou birras: o melhor é acolhê-lo, entendendo a emoção que tem; você o conhece, confie na sua capacidade de entendê-lo! É importante manter a calma, colocar-se à sua altura física e esperá-lo e acompanhá-lo até que ele vá se acalmando. O seu estado de calma o acalmará e pouco a pouco você poderá conversar com ele, para ajudá-lo a entender o que está acontecendo consigo.

Ajudar as crianças a “traduzir” o que estão sentindo: ajudá-las a entender o que estão sentindo, dar nome à emoção e relacioná-la com algo que pode estar acontecendo com elas. É muito útil fazer isto com frases tranquilizadoras como “Sinto que você está bravo porque quer estar com os seus amigos e eu compreendo. Você gostaria que a gente telefonasse para o amigo que você está com saudade?” Se seu filho tem alguma deficiência que requeira formas alternativas de comunicar-se, você pode buscar as formas de se expressar que funcionam melhor para ele; o importante é que você o ajude a mostrar de alguma forma como se sente.

Dar-se espaço para estar mais presente nas interações com as crianças: você certamente estará combinando tarefas domésticas, trabalho e também terá que cuidar das crianças. É muita coisa ao mesmo tempo e é importante que você não se sobrecarregue. Uma coisa que pode funcionar para você é começar o dia com uma atividade onde você esteja disponível para as crianças. Começar o dia com eles e oferecer-lhes o seu carinho certamente terá um impacto positivo ao longo do dia. E no resto do dia você pode combinar suas tarefas com momentos destinados a estar com as crianças. Mas lembre-se de não exigir muito de si mesmo. Faça o que puder e isso já está bem.

Construir em família alguns acordos de convivência: tendo em conta que é um novo cenário, que podem ser muitos dias em casa e talvez com várias pessoas vivendo juntas, cada uma com suas tarefas e responsabilidades, uma atividade que pode ser muito divertida é sentarem-se juntos e fazer alguns “acordos de convivência”. Este exercício pode incluir expressar sentimentos, emoções e necessidades; juntos vocês podem fazer votações e estabelecer acordos. É também uma oportunidade de incluir a participação e a ajuda das crianças em algumas tarefas domésticas que elas consigam fazer de acordo com a sua idade.

Providenciar atividades interessantes e divertidas: uma coisa que ajuda muito as crianças a se sentirem bem e a adaptarem-se às mudanças é encorajar as brincadeiras e as atividades que elas acham interessantes. Através da brincadeira, elas também expressarão emoções, além de se divertirem e se sentirem mais tranquilos. Aqui no blog, temos muitas ideias de brincadeiras para fazer com as crianças:

Cuidar das rotinas diárias: é importante estabelecer rotinas diárias na casa, pois é algo que pode ajudar as crianças a se sentirem seguras. Cuide dos horários de sono (as crianças precisam descansar!), mantenha os horários das refeições e tenha algumas atividades diárias planejadas. Mas também é importante estar aberto a mudanças na rotina, se você vê que as crianças precisam de outras coisas. Pode haver dias em que as crianças só precisam brincar, ler um livro com você ou ver um filme em família. E isso está bem. O importante é ver do que o seu filho ou filha está precisando porque talvez a criança se sinta mais segura e protegida com rotinas fixas ou talvez o que precise é de tempo para brincar livremente ou para se conectar com os amigos por telefone ou virtualmente. Aqui damos uma ideia de tabela divertida, mas cada família tem as suas próprias rotinas e horários.

Lembre-se de ter momentos para cuidar de si e fazer coisas que você gosta.

As crianças percebem e sentem as emoções dos pais, por isso é importante dar a si próprio tempo para cuidar-se e para fazer as coisas que você gosta, como ver filmes, dançar, cantar, falar com os seus amigos. Desta forma, você poderá estar bem e calmo e estará ajudando seu filho ou filha a estar mais tranquilo.

Descanse, cuide de suas horas de sono, alimente-se bem, faça algum exercício que você goste, e mantenha contato com seus seres queridos. Mantenha a sanidade.

Ninguém é perfeito e você está fazendo o melhor que pode.

Confira o manual completo aqui no site da Unicef.

Autor: Dona Chica

Autor: Dona Chica

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