Quando eu tinha 17 anos, conheci uma pessoa que não comia bichos. Até então, eu nunca tinha ouvido falar em vegetarianismo. Aquilo me chamou atenção, e carne, já não era das coisas que eu mais gostava de comer; me lembro que eu comia porque achava que tinha que comer. Simplesmente parei de comer carne. Não foi repentinamente mas foi um processo rápido. A última coisa que comi foi um macarrão com atum, ao chegar em casa de viagem já de madrugada depois de um campeonato de skate. Eu estava com muuuuuita fome, mas já estava bem convicta que aquilo não me fazia bem. Foi meu primeiro alerta ao fato de que eu precisava ir mais para a cozinha. Se eu não cozinhasse minha própria comida, dificilmente teria opções variadas de comida vegetariana.
Pois bem, logo nos primeiros anos de ovo-lacto-vegetariana eu tentei várias vezes me tornar vegana, mas não conseguia. Eu passava períodos sendo vegana, depois desistia… Foi um ciclo muito difícil de quebrar. Minha maior dificuldade era quando alguém me oferecia um pedaço de bolo. Eu nem era muito apegada a beber leite, comer queijo ou ovo… a dificuldade maior era mesmo com as massas de biscoitos, bolos, salgados, etc. que levavam esses ingredientes.
Aos 26 anos engravidei. Uma das coisas que logo passou na minha cabeça foi: Pronto, agora preciso dar um jeito de conseguir viver o que eu realmente acredito. Segundo alerta de que: Sim, vou ter que ir mais para a cozinha! Vou aprender a fazer bolo, já que eu amo tanto, e todas as coisas gostosas, na versão vegana, que eu sei que eu vou querer comer!
Eu simplesmente não me imaginei criando um ser não sendo vegana.. Pois era um princípio, um valor muito importante pra mim, que eu faria questão de passar pra minha cria. A minha alimentação na gestação não foi 100% vegana, mas eu estava muito decidida e então quando o Zéqui nasceu eu me tornei vegana, definitivamente. Hoje, aos quase 6 anos do Ezequiel, ele também é vegano desde a sua introdução alimentar. O que eu considero um dos meus desafios em relação a ele é transmitir a importância dele respeitar a todas as pessoas, independente dos seus costumes e hábitos alimentares. Lembrando que veganismo não se trata de alimentação apenas. Ser vegana diz respeito a não contribuir com a exploração e sofrimento animal, ou seja, não consumir de marcas que fazem testes em animais, não usar roupas ou acessórios que utilizam couro, seda, etc., boicotar eventos que causam dor e sofrimento animal, como o rodeio, por exemplo.
Me considero abolicionista, ou seja, luto pela libertação animal. E também em prol de um veganismo popular e acessível para todas as pessoas. Se você tem um pezinho atrás quando ouve a palavra “veganismo”, é super compreensível, pois assim como tudo, a indústria se apropriou tornando-o elitizado. Mas tornar o movimento mais acessível e também possibilitar que ele atue junto à outras lutas é algo que já está acontecendo! Deixo aqui a recomendação de três documentários excelentes disponíveis no Netflix: “What The Health”, “Cowspiracy” e “Seaspiracy”.
0 comentários