“A Grande Pausa”, é um conto escrito por Elizabeth Emmett, que é jardineira na Lake Champlain Waldorf School. Ela a escreveu para ajudar os pequenos a se relacionarem com o que está acontecendo neste momento tão desafiador.
Era uma vez, em uma terra distante, mas não tão distante assim, há algum tempo, mas não tanto tempo assim, havia um pequeno e adorável reino de pessoas muito trabalhadoras. Neste reino, havia quatro aldeias, cada uma governada por uma Rainha sábia e gentil. Havia a aldeia Norte, a aldeia Sul, a aldeia Leste e a aldeia Oeste.
A aldeia Norte era uma terra cheia de morros e montanhas, onde as pessoas trabalhavam duro forjando ferramentas para o reino e cortando madeira para casas. Na aldeia Leste, ficava o mar onde os pescadores passavam seus dias quentes no mar e os comerciantes trabalhavam incansavelmente para fabricar e vender seus artesanatos e mercadorias. Na aldeia Sul, os agricultores cuidavam de seus campos e animais, trabalhando incansavelmente para alimentar o reino. Na aldeia Oeste, havia uma grande cidade cheia de arranha-céus, onde as pessoas trabalhavam em seus computadores e realizavam muitas reuniões para administrar os negócios do reino. Enquanto os adultos trabalhavam todos os dias, as crianças do reino se reuniam para brincar na floresta mágica ao redor do poço, no centro do reino.
As crianças cantavam e dançavam juntas, construíam casas para os pequenos seres da floresta e faziam muitas rodas ao redor do antigo poço. No final de seus dias cansados, o trabalho das crianças era levar um balde de água de volta para cada uma de suas casas no reino. Todos no reino sabiam que a água do poço era a melhor para lavar, cozinhar e se nutrir, pois ela possuía uma qualidade mágica que diziam ter vindo dos pequenos seres da floresta mágica.
Um dia, quando os adultos estavam voltando para casa depois de um longo dia de trabalho, e as crianças estavam se despedindo de seus amigos e enchendo seus baldes para levar para casa, algo muito estranho aconteceu. Uma criança que estava cansada de tanto brincar decidiu tomar um grande gole da água do balde. Seus amigos notaram que depois que ele bebeu a água, seu corpo ficou parado como uma estátua. Era como se ele tivesse virado pedra.
As crianças correram rapidamente para casa para contar às suas famílias. Uma criança foi para sua casa no Norte e foi recebida por seus pais, que estavam voltando do trabalho nas minas. Seus rostos e mãos estavam cobertos de fuligem e, quando a criança tentou explicar o que viu no poço, seus pais começaram a lavar a fuligem com a água do balde. Assim que molharam o rosto com a água, eles também ficaram imóveis como pedra, com a água pingando de seus narizes.
No Oeste, uma criança chegou em casa e encontrou seus pais, que eram alfaiates. Eles tinham trazido sua costura para a mesa do jantar e disseram que simplesmente não podiam parar para comer. Eles teriam que comer enquanto costuravam para conseguir cumprir sua meta. A criança preparou um mingau de aveia com a água do poço e, enquanto cada um deles comia uma colherada, sem tirar os olhos do trabalho, eles também ficaram imóveis como pedras.
Uma criança levou sua água para casa em uma fazenda no Sul. Os fazendeiros ficaram muito animados por terem um balde de água fresca para regar suas plantações, mas assim que a água se espalhou sobre o milharal, cada caule ficou duro como pedra, e nenhuma brisa poderia dobrá-los ou mexê-los.
A criança que foi para casa na cidade grande levou o balde para o apartamento onde sua família trabalhava nas telas dos computadores. Eles nem notaram o garoto tropeçar no tapete e derramar a água no chão, mas os respingos da água espalharam pingos e gotas que, voando, caíram sobre os computadores, telefones e móveis. De repente, eles também ficaram petrificados. As pessoas no reino não sabiam o que fazer; então, é claro, pediram ajuda às Rainhas.
As Rainhas decidiram juntas fazer um decreto real: todas as famílias devem ficar em casa juntas. Ninguém estava autorizado a trabalhar, e as crianças não poderiam voltar para o poço na floresta.
“Quanto tempo nós devemos ficar em casa?” perguntaram as famílias. “Até nós lhe dizermos que é seguro”, disseram as Rainhas.
Então, todas as pessoas no reino foram para suas casas, se aconchegaram juntas lá dentro, e esperaram. Os primeiros dias em casa foram divertidos, mas depois de muitos dias, os adultos começaram a se preocupar com todo o trabalho que precisava ser feito e as crianças começaram a ficar inquietas e sentir falta dos amigos! Dia após dia, eles esperavam para ouvir o que diriam suas Rainhas.
Enquanto isso, as Rainhas haviam se reunido ao redor do Poço. Elas trabalharam juntas para drenar a água do poço, o que levou muitos dias, pois era muito profundo, e estavam trabalhando com cuidado para não respingar uma única gota sobre elas mesmas. Depois de muitos dias esvaziando balde após balde, elas finalmente chegaram ao fundo do poço, embora não pudessem vê-lo.
Então enviaram um pássaro para inspecionar o poço e ver se algo parecia suspeito. De fato, o pássaro encontrou uma pedra cinza escura e coberta de musgo, bem no fundo do poço. Quando o pássaro contou isso para as Rainhas, elas imediatamente souberam a quem a pedra pertencia:
“A Velha do Musgo!” elas disseram juntas.
Quando disseram o nome dela, uma mulherzinha bem pequena e coberta de musgo apareceu dançando ao redor de seus pés, a mais sábia dos pequenos seres, a Velha do Musgo.
“Esta pedra é sua?” perguntaram as Rainhas. “Sabemos que você não faria mal às pessoas do nosso reino, mas parece que esta pedra envenenou nossa água.”
“Minhas queridas”, disse a Velha do Musgo, “seu povo tirou um bom e longo descanso?
Este não é nenhum veneno, mas simplesmente uma pausa para que seu povo se lembre o que é mais importante. Você verá como, depois desse bom descanso, eles voltarão com mais alegria, entusiasmo e sabendo o que é importante na vida!”
Ela pegou sua pedra de musgo e desapareceu rapidamente entre as folhas no chão da floresta.
Assim como ela havia prometido, de fato, depois de um longo tempo em casa juntos, o povo do reino encontrou uma alegria renovada em passar tempo com suas famílias. Quando acordaram da quietude, estavam revigorados de energia e vendo tudo com outros olhos. As Rainhas convidaram todos a se reunirem na floresta mágica ao redor do poço mais uma vez e anunciaram que todos poderiam voltar a ficar juntos novamente. As crianças ficaram muito felizes ao encontrar seus amigos, de quem tanto tinham sentido falta, e as pessoas decidiram que poderiam deixar seu trabalho no trabalho a partir de agora e aproveitar as pequenas pausas todos os dias.
E todos viveram felizes para sempre.
Tradução: Ricardo Faiock • Original: https://bit.do/agrandepausa
Muito boa a história. Eu e meu filho de 4 anos curtimos. Obrigada por compartilhar 🙂