Leia mulheres em 2020 – Parte 1

2020 começando, e aposto que você colocou na sua lista de metas ler mais livros, acertei? 

Perguntamos para nossas seguidoras lá no Instagram que livros elas indicariam pra gente. E nossa! Quantos livros incríveis escritos por mulheres nós descobrimos. Separamos várias indicações maravilhosas. Já pode colocar na lista, que tem muito título bom por aqui!

Insubmissas lágrimas de mulheres – Conceição Evaristo

O elo fundido com técnica literária irrepreensível e grande força de sentimentos apresentado em “Insubmissas lágrimas de mulheres”, se revela um retrato de solidariedade e afeição feminina, por tocar no que é essencial, no que move, no que aproxima e une mulheres e, em espacial, mulheres negras. Os afetos, reflexões e deslocamentos que os contos de Insubmissas lágrimas de mulheres nos causam, são frutos que só a boa literatura, a que salva, pode nos trazer, reafirmando o lugar de destaque ocupado por Conceição Evaristo na literatura brasileira.

Câmera lenta – Marília Garcia

Depois de Teste de resistores (7letras, 2014), Marília Garcia dá continuidade à sua pesquisa sobre o processo poético. Na última parte de Câmera lenta, ela se dedica a uma profunda análise sobre as hélices do avião e sobre a vontade de decifração. O poema, aqui, é o lugar para experimentar, exercitar o pensamento “ao vivo” e testar procedimentos novos, sempre em aberto. Para Italo Moriconi, que assina a orelha, trata-se de uma “poética desbravadora, sofisticada, antenada”.

O conto da aia – Margareth Atwood

Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump.

Inferior é o Car*lho – Angela Saini

ura indicada pelo jornal The Independent e pelo ted Talks, livro do ano do Physics World e destaque na categoria de ciência e tecnologia do Goodreads Choice Awards de 2017, Inferior é o Car*lhø integra a linha Crânio, que publica material minuciosamente selecionado para nos ajudar a questionar o estranho e admirável mundo em que vivemos. Uma obra poderosa que revela uma perspectiva alternativa para a ciência em que mulheres não são excluídas, mas fazem parte desta história — e, sobretudo, ajudam a escrevê-la. Um livro para mulheres e homens que buscam igualdade em nossa sociedade, pois, ou vamos juntos, ou não vamos a lugar nenhum.

Um útero é do tamanho de um punho – Angélica Freitas

Em seu segundo livro, a gaúcha Angélica Freitas reúne 35 poemas marcados por uma visão crítica extremamente original, animada por um humor que deixa o leitor em suspenso entre a seriedade e o riso. Os versos precisos revelam o domínio da poeta sobre a linguagem. Um útero é do tamanho de um punho tem a mulher como centro temático: procurando definir que figura feminina é essa que nossa cultura trata de desenhar e que se desconstrói incessantemente, a autora questiona de um lado o mundo, de outro a própria identidade.

Um jogo bastante perigoso – Adília Lopes

Adília, que só foi a estudar Letras em 1983, lançou Um jogo bastante perigoso em 1985, ou seja, apenas dois anos depois de começar os estudos. A recém-nascida poetisa compreendeu rápido que muito está em risco quando se escreve poesia. O título desse livro é, portanto, uma coisa impressionante: porque a poesia (linguagem) é mesmo isso: um jogo bastante perigoso.

A ridícula ideia de nunca mais te ver – Rosa Monteiro

Um livro sobre o luto e suas consequências, que navega com maestria entre a ficção e a memória. Quando Rosa Montero leu o impressionante diário (incluído como apêndice neste livro) que Marie Curie escreveu após a morte de seu marido, ela sentiu que a história dessa mulher fascinante guardava uma triste sintonia com a sua própria: Pablo Lizcano, seu companheiro durante 21 anos, morrera havia pouco depois de enfrentar um câncer. As consequências dessa perda geraram este livro vertiginoso e tocante a respeito da morte, mas sobretudo dos laços que nos unem ao extremo da vida.

Caderno de memórias coloniais – Isabela Figueiredo

Obra-prima da literatura portuguesa de hoje, o livro de Isabela Figueiredo é um devastador ajuste de contas com a situação colonial. Caderno de memórias coloniais foi publicado em 2009 em Portugal. Sucesso de público, foi saudado como uma obra-prima. E é de fato um genial acerto de contas da autora com o passado colonial de Portugal e com seu pai, um eletricista português radicado em Moçambique. O pai parece personificar Portugal: despreza e explora os nativos. O “melhor” de Moçambique ficava com os brancos: as boas praias, os bares, a vida cultural e social, as melhores oportunidades. Tudo isso é visto pelos olhos de Isabela, que lá nasceu em 1963 e teve que se mudar para Portugal nos anos 1970, durante o contexto da descolonização. O livro é uma espécie de Carta ao pai (de Kafka), um acerto de contas num texto que mescla memória, ensaio, observação pessoal e ficção. O livro tem origem num blog da autora, canal pioneiro para tentar trazer mais realidade à narrativa edulcorada do Portugal africano. Até então, havia uma enxurrada de memórias cor de rosa e piedosas de brancos que nasceram e cresceram nas colônias portuguesas e que nunca tratavam das questões reais e duras do passado: a exclusão da população local (negra), os trabalhos subalternos e mal-remunerados destinados aos locais, o racismo.

Mulheres, raça e classe – Angela Davis

Mulheres, raça e classe, de Angela Davis, é uma obra fundamental para se entender as nuances das opressões. Começar o livro tratando da escravidão e de seus efeitos, da forma pela qual a mulher negra foi desumanizada, nos dá a dimensão da impossibilidade de se pensar um projeto de nação que desconsidere a centralidade da questão racial, já que as sociedades escravocratas foram fundadas no racismo. Além disso, a autora mostra a necessidade da não hierarquização das opressões, ou seja, o quanto é preciso considerar a intersecção de raça, classe e gênero para possibilitar um novo modelo de sociedade. Davis apresenta o debate sobre o abolicionismo penal como imprescindível para o enfrentamento do racismo institucional.

Aguapés – Jhumpa Lahiri

Aguapés, finalista do Man Booker Prize e do National Book Award 2013, aborda exílio, escolhas e destino a partir da jornada de dois irmãos indianos separados pelo curso da história. Neste novo país enorme, parecia não haver lugar para o país anterior. Não havia nenhuma ligação entre os dois; a única ligação era ele. Aqui a vida deixava de tolhê-lo ou de atacá-lo. Aqui a humanidade não estava sempre empurrando, forçando, correndo como que perseguida por um fogaréu.”

Quem tem medo do feminismo negro? – Djamila Ribeiro

Um livro essencial e urgente, pois enquanto mulheres negras seguirem sendo alvo de constantes ataques, a humanidade toda corre perigo. Quem tem medo do feminismo negro? reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista CartaCapital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante. Muitos textos reagem a situações do cotidiano — o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.

Intérprete de Males – Jhumpa Lahiri

Vencedora do Prêmio Pulitzer de melhor ficção, a coleção de contos de estreia de Jhumpa Lahiri marcou, em 2000, sua entrada no mundo da literatura. Além disso, Intérprete de males também faz parte de uma primeira leva de certo tipo de literatura que tem ganhado cada vez mais espaço nas livrarias de todo mundo e cujos olhos estão voltados para a vivência entre duas culturas distintas, e para as relações determinadas por este processo: o exílio, a saudade, o desarraigamento, a inadequação, a esperança, a adaptação. A autora, uma das vozes mais importantes da literatura em língua inglesa, é convidada da Flip em 2014.

60 dias de neblina – Rafaela Carvalho

Uma coletânea de crônicas, palavras que narram o auê do cotidiano, o rir para não chorar, o amor que tira e coloca o chão, as gargalhadas sinceras, as frustrações que descem com o café já gelado. A perfeita bagunça de sentimentos que habita o coração de toda mãe. 60 dias de Neblina, um livro sobre você, sobre mim, sobre a mãe que você esbarra na fila do caixa do mercado. Um livro sobre nós, e sobre essa jornada enlouquecedora, incrível que é a maternidade.

Gostaram das indicações? Vocês já leram algum deles? 

A gente sabe que é pelo exemplo que as crianças aprendem,ou seja, leia livros perto do seu filho!  E especialmente, leia livros escritos por mulheres forte como você!

Lembrando que todas essas indicações foram dadas por seguidoras nossas lá no Instagram. Então agradeço muito a colaboração de sempre. Tem algum tema específico que você tem curiosidade? Responde aqui nos comentários, que junto com as respostas de outras mães eu volto e trago as reflexões e dicas no próximo post.

Autor: Dona Chica

Autor: Dona Chica

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