O que aprendi com o distanciamento social? Que na realidade ninguém quer ficar longe de ninguém, somos seres humanos muito carentes e necessitamos de falar e falar de tudo e sobre qualquer coisa para nos sentirmos pertencentes à nossa bolha de convívio.
A pandemia do coronavírus é uma peste que consome o mundo inteiro. O caso é sério. Minha primeira lição foi: aprender a escutar quem sabe das coisas.
Valorizo ainda mais os cientistas
A classe científica mundial está com o foco na busca pela solução paliativa e com esperança, definitiva. Mas, o processo é lento, não virá do dia para noite. Não tem super-herói com capa colorida para trazer o antídoto da Terra-X.
Temos verdadeiros heróis e heroínas cotidianos que têm se arriscado, neste país, com uma base precária, mas seguem firmes atendendo não apenas quem contrair o coronavírus, mas continuam atendendo pacientes com todo o tipo de doença. A eles agradeço, e por eles fico em casa.
Os centros de pesquisa científica mais respeitados do mundo nos mostram estudos e análises dos testes e avanços, as experiências internacionais da China e da Europa, mostram a efetividade do distanciamento social total, e ainda tem gente que não acredita, o porte de atleta deve dar uma capa protetora extra, só pode. Não sou atleta, sou mulher, mãe e cuido da minha cria. Escolho acreditar em quem sabe das coisas e não custa nada relembrar os cuidados básicos:
- lavar as mãos com água e sabão,
- passar álcool gel,
- usar máscaras protetoras,
- fique em casa.
Limpei mais e cuidei mais da saúde física e mental
Segundo aprendizado: limpeza, higiene e saúde salvam nossas vidas. Limpar sua casa, ambiente de trabalho. Ter a prática diária da higiene pessoal. Não são meros cuidados externos que devemos reforçar e fazer com frequência.
Nesses dias venho refletindo no impacto que limpar as coisas dentro de nós também é muito necessário. Pensamentos e emoções como medo e angústias que podem ter nos acometido nesses dias de confinamento exigem que nós nos demos colo.
Acolher o que sentimos é o primeiro passo para superar a dor dessa emoção quando é causada pelo medo, pela angústia. Cada pessoa tem sua forma de lidar com o medo. Não podemos deixar o medo coletivo se transformar em pânico. Buscar a calma e tranquilidade são essenciais e cada um tem seu jeito.
Para mim a arte salva, então escutar uma artista foda, assistir um filme, dançar na sala com meu pequeno e meu parceiro. São coisas simples sabe? Ler um livro de poesias, assistir as lives dos artistas. Valorizar a produção cultural e popular brasileira, poder mostrar isso pro meu filho e me emocionar com a capacidade criativa e a sensibilidade que eles têm em acalmar os ânimos e dar esperança com suas palavras. Tem indicações aqui no blog.
Brinquei mais porque meu filho não tem botão de desliga
É sério isso gente, a criança tem uma energia que ainda quero descobrir de onde que vem porque teve dia que eu tive que pedir pra parar. O dia inteiro chamando, e é comida, é desenho novo, é brincar disso e daquilo.
Haja criatividade para entreter o bichinho, a gente teve que se revezar aqui em quem ia propor a brincadeira do dia. E ainda conciliar tarefas de casa e nosso trabalho. Então tem sido uma experiência de convivência interessante.
Ele presenteia a gente com comentários de sabedoria infantil que só ele tem, e me levam a refletir sobre coisas que nem imaginava ser possível relacionar com a outra. Nessa rotina maluca que fomos nos acostumando a reconstruir sei que posso tirar mais alegrias que tristezas. Mas a sensação de estar vivendo um segundo puerpério é difícil de superar.
A quarentena é um segundo puerpério
Quem passou por um puerpério intenso em que as emoções parecem estar no modo montanha russa com uns cinco loops a cada hora, sabe o que estou falando.
No início veio o medo, depois uma tomada de consciência que tinha que superar esse medo. Com o instinto de sobrevivência ativado veio a percepção de que não sei ficar sozinha e o tédio pode ser nocivo para a mente. Tudo saiu do controle, então vamos nos render ao novo fluxo.
A gente tem necessidade de estar perto de gente de verdade. A explosão de lives e aulas online com webinars ao vivo de todos os assuntos me fazem crer que não é só eu que não sei ficar sozinha.
Meu parceiro passa pela mesma angústia que eu, e conversando sobre tudo o que tem acontecido percebemos juntos o tanto que nossas relações com as outras pessoas nos são valorosas. Fazer uma ligação via vídeo pra mãe dele ou pra minha, pra saber como está a família, acho que tudo isso ganhou uma renovação de sentido e significado.
Não tem sido fácil, mas depois que tudo isso passar tenho a esperança e a percepção que vamos viver um renascimento juntos como seres humanos, acredito muito que temos a capacidade de provocar uma transformação real. Se aprendermos com quem sabe das coisas e se aprendermos a nos ouvir mais, a nos dar colo e a escutar o outro com atenção.
Mas quero saber de você também, o que tem aprendido com esse período de quarentena?
Siga a Dona Chica no instagram e continue nos acompanhando aqui no blog. Ah! Aproveite para assinar nossa newsletter.
Essa quarentena tem sido, de diversas formas, uma experiência de autocuidado e autoconhecimento. Eu sou mãe solo de duas meninas, uma com 5 anos e a outra com 2 meses. A minha rotina acaba sendo dividida em o acolhimento com a mais nova, o exercício de paciência e compreensão com a mais velha, as demandas da graduação, o cuidado com a casa e com o meu próprio ser. Tem sido difícil ter forças para lidar com as duas filhotas em fases tão distantes e necessidades tão distintas. Mas encontramos fortaleza e confiança em outras mulheres, em outras mães, em redes de apoio que acabam por apresentar diferentes perspectivas e assim podemos vislumbrar os nossos aprendizados e as nossas vitórias. E seguimos sempre em frente! 🙂