Recordo de poucos momentos da minha infância, e faço 27 daqui umas três semanas, para relembrar um pouco gosto de ver fotos antigas que tenho em casa e quando possível cato as dos parentes. Sim, vou à casa de uma tia ou vó, peço para ver as fotos, pergunto se posso levar para fazer um álbum artesanal e se encontro uma ou outra em que estou, não devolvo.

Deparo-me, na maioria delas, que estou com um sorriso arreganhado ou fazendo careta, e chego à conclusão de que desde cedo meu riso é fácil. Coisas muito simples me faziam sorrir, como bolinhas de sabão, brinquedo de desenhar, minha coleção de anjinhos, meus amigos imaginários, meus pais juntos, porque gostava de enfiar no meio deles e ficar abraçada nos dois, ou separava um deles e fazia alguma pergunta estranha.

Lembrar-me da infância é até terapêutico, apesar de nunca ter feito nenhum tipo de acompanhamento psicológico por mais de um mês. Tenho mania de resolver comigo mesma as emoções de cada dia. Porém, nessa pandemia me perguntei várias vezes quando procurar uma psicóloga.

Não faça como eu, se tiver com dificuldades em lidar com algumas angústias e pensamentos sem explicação procure ajuda. Ter dificuldade em pedir ajuda é terrível, às vezes ignoro tanto os problemas que eles se acumulam e quando vejo, estou num nível de estresse que minha garganta começa a dar uns espasmos involuntários. Dá mesma forma que começa, para.

A escrita é a minha terapia, pintar, criar poemas, subir num palco, descobrir a minha palhaça amora, cantar. A arte me salva de mim mesma e sempre me deixa com um sorriso bobo. O dia que entendi que tinha vocação de artista sabia que estava marcada a uma vida de esforço e busca incessante pela beleza.

Nesse dia tive medo do fracasso e medo do sucesso. Foi na verdade uma conjunção de fatos e não parava de sorrir. Saber quem é e o que nasceu para ser, traz uma felicidade interna tão profunda e intensa que meus medos e inseguranças aumentaram na mesma proporção.

Infelizmente eles têm ganhado essa batalha, continuo sorrindo fácil, falando que está tudo bem. Criando planos e arranjos para vencer a preguiça da vida que me acomete e me faz preferir maratonar por seis horas uma série nova do que criar, ler, refletir e fazer arte.

Ufa, desabafei, sei que não sou a única que enfrenta uma batalha interna dessas. Tenho consciência, também, que há muitas pessoas em realidades de vulnerabilidade extrema devido ao descaso de (des)governos vigentes pelo mundo.

E é com o apoio de estudos filosóficos e de registros no meu diário, de experiências que deram certo, resolvi compartilhar um pouco sobre meios de sorrir. Será uma lista breve de sugestões adaptáveis:

1. Caretas: fique de frente para o espelho e faça uma careta até se sentir ridícula;
2. Olhe para uma pessoa amada: vale seu bebê, sua mãe, pai, parceiro ou parceira;
3. Brincar: relembre sua brincadeira de infância favorita e apenas brinque (amarelinha, pular corda, esconde-esconde);
4. Dançar: escolha músicas que te animam, comigo funciona de Avril Lavigne e Simple Plan até Gal Costa e Gilberto Gil;
5. Tinta guache: pintar com a mão uma caixa papelão velha ou as folhas que estão na impressora.

Se aventurar a viver é o melhor que podemos fazer.

Sorrir é algo tão humano e natural nosso que deve ser experimentado e vivenciado com mais frequência. Você pode registrar se quiser. Gravar um vídeo e postar nas redes sociais marcando a Dona Chica, mas antes disso, viva e sorria.

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Fiquem a vontade pra me enviar seus comentários no meu e-mail nuna6costa@gmail.com – que é meu PIX também, aceito um café, brincadeira, mas rejeito não.