“Algumas crianças têm um grau de deficiência em que é impossível a convivência”

Essa frase, dita pelo Ministro da educação Milton Ribeiro, mostra o quanto apesar de alguns avanços e conquistas, corremos sérios riscos de sofrermos enormes retrocessos na educação. Está pra ser votado um decreto que exclui ainda mais as crianças portadoras de deficiência dos espaços escolares e minha pergunta é: Porque não investir esse recurso, que visa ser destinado à criação de escolas especiais, em capacitação de educadores e cuidadores para que todes possam frequentar com qualidade as escolas convencionais já existentes? Escolas “especiais” já existem. O que querem é segregar ainda mais, com a desculpa de que essas crianças serão mais bem assistidas e dando aval para que as escolas se recusem a receber crianças com deficiência. Isso já acontece, principalmente em escolas privadas. Mas não é verdade que com segregação faremos inclusão. Inclusão se faz de maneira respeitosa e honesta.

Há não muito tempo, pessoas com algum tipo de deficiência eram tidas como incapazes e impedidas de conviverem nos mesmo espaços e viverem suas vidas com alguma dignidade, como se essas pessoas não tivessem valor algum ou direito à vida e convivência com outras. Essa exclusão afeta não só quem é excluído, todes deixamos de aprender, pois a diversidade nos faz enxergar além e pensar outras possibilidades. Ouvir sobre capacitismo é algo relativamente recente pra mim e tenho visto o quanto somos muito capacitistas… E seria difícil ser diferente, devido a nossa construção e formação. Por isso é necessário sim romper essa barreira excludente que separa “pessoas normais” das PCD.

Quando eu era criança, me lembro de ter visto um documentário sobre moradores de rua (muitas dessas pessoas são tidas como loucas). Mas não era alguém falando sobre os moradores de rua, eram os próprios falando por si. Pessoas com falas lúcidas, extremamente sensíveis, inteligentes, sensatas. Sei que ali algo se modificou um pouquinho dentro de mim, pois eu nunca mais tive o mesmo olhar sobre as pessoas moradoras de rua. Isso é necessário, são anos e anos retroalimentando conceitos distorcidos e preconceituosos. PCD são pessoas. Ponto. Nem inferiores, nem especiais demais. Tem habilidades e dificuldades. São passíveis de erros e acertos. E quanto às suas limitações, tem direito à acessibilidade, auxílio e respeito.

Enquanto forem tratadas como um problema a ser resolvido (ou removido!), a exclusão continuará e isso fere qualquer existência. Se você não é mãe/ pai/ quem cuida de um criança que tem alguma deficiência saiba que elas existem! Não ser capacitista, se informar e apoiar as lutas antimanicomial se faz necessário! Por fim, não seja um psicofóbico.

Autor: Ana Luiza Laurentino

Autor: Ana Luiza Laurentino

Ana Luiza é mãe do Ezequiel, pinta, canta, dança e apóia a luta pelos direitos dos animais.

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