Na foto: Ezequiel com 45 dias (hoje ele tem 6 anos)
Quando me vi mãe, de uma coisa eu sabia: queria criar meu filho com respeito e amorosidade. Conheci então a disciplina positiva, que é um método que oferece algumas ferramentas para ajudar a educar sem ser autoritária, mas sem ir ao extremo oposto: ser permissiva demais. Seria um caminho do meio, ser gentil e firme ao mesmo tempo. Procuro fazer o uso das ferramentas da maneira que é possível para mim no momento, não sigo à risca uma cartilha. Se funciona? Depende do que se entende por funcionar. Funciona enquanto uma alternativa, por eu saber que tô num caminho de desconstrução da maneira violenta de “educar”, que até essa geração, quase não se questionava.
O importante, pra mim, é que meu filho confie em mim, me respeite por sentir que eu o respeito e o acolho. Não quero que ele simplesmente me obedeça, por medo. Lidar com nosso emocional é algo que devíamos aprender na infância e é tão negligenciado com autoritarismo e silenciamento. Crianças não são robôs, precisam externalizar de alguma maneira o que estão sentindo. O que não significa que não vai haver interferência quando necessário, condução e mediação do adulto, principalmente em momentos de grande stress ou conflito.
Tenho aprendido a soltar o controle de colher resultados. Não tenho controle sobre a integridade e complexidade da pessoa que ele está se tornando, que sempre terá sua própria personalidade, suas individualidades e sua identidade, independente de mim. O que eu acredito que posso fazer é lhe proporcionar condições que considero importantes para o seu desenvolvimento e formação. Não espero que ele seja um exemplo, uma perfeição de ser humano. Apenas humano. Alguém que se ame, se respeite e respeite às outras pessoas também. Não quero de forma alguma dizer que é um processo fácil ou que é prazeroso sempre, mas eu quero compartilhar um pouco de coisas de que me orgulho, como sentir que ele confia em mim e se sente seguro pra falar qualquer coisa que esteja sentindo, pois sabe que não será julgado e não se sentirá menos amado por isso. Acredito que isso cria um ambiente seguro para que ele desenvolva autonomia e autoconfiança, que considero essenciais pra que a gente se sinta pertencente e coloque nossa voz no mundo. O Ezequiel me questiona e se posiciona quando temos algum atrito e eu acho isso fundamental na construção de uma relação saudável entre nós. Algumas relações/associações que tenho feito quanto às suas respostas/reações:
- Ele percebe que estou sendo agressiva e mostra que não está disposto a aceitar isso – está criando noção de consentimento não permitindo/aceitando que alguém seja invasivo a ponto de machucá-lo, percebe o seu limite e verbaliza, entende que deve ser respeitado. Além de que não está crescendo relacionando violência à amor, a crença de que “quem ama machuca”.
- Ele pergunta porque estou brava – entende que o diálogo é um passo para resolver desentendimentos, além de saber da importância de abrir espaço para ouvir e entender o que a outra pessoa está sentindo.
- Ele não tem medo de me chamar atenção – mesmo sabendo que estou irritada ele sabe que há espaço para o diálogo sempre, mesmo que muitas vezes eu precise de um tempo para respirar e me acalmar.
- Ele me oferece um abraço quando não está tão bravo quanto eu – está criando noção de acolhimento, de que quando alguém está com raiva, precisa de acolhimento. E é interessante que ele não faz de maneira mecânica, como moeda de troca, ele faz quando se sente realmente disponível para acolher.
Sugestão de livro: “Disciplina Positiva”, de Jane Nelsen
Se houver alguma crítica, dúvida ou sugestão em relação ao tema, comente aqui, as trocas sobre criação consciente trazem muito aprendizado, especialmente em tempos pandêmicos, em que estamos mais limitades ao virtual.
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