Feminismo não é o contrário de machismo. Não é um movimento organizado por
mulheres que são contra os homens ou que odeiam homens. O feminismo, ainda que
existam algumas vertentes, se articula em prol dos direitos das mulheres e contra toda
opressão da nossa sociedade no modelo em que é estruturada: patriarcal e machista.
Nesse modelo, toda a nossa construção é baseada na desigualdade de gênero, a qual
enfatiza a ideia de que homens são superiores às mulheres. É uma realidade que os
homens são mais bem remunerados que as mulheres pelo mesmo trabalho realizado e
desfrutam com mais facilidade dos seus direitos, o que os torna mais privilegiados
em relação às mulheres.
É importante ressaltar que o machismo atinge negativamente também os homens,
que sofrem principalmente com a pressão de seguirem o modelo de masculinidade
que lhes é ensinado. Quando criança, o menino é incentivado às brincadeiras mais
agressivas e competitivas enquanto é repreendido, ridicularizado ou até punido
quando surge inclinação para algo considerado “coisa de menina”, como: brincar de
boneca, fazer balé, vestir-se ou comportar-se de modo considerado mais “afeminado”.
E nessa ideia de “coisa de menina” já vem implícito que as meninas são inferiores pois
são frágeis, mais sensíveis e sentimentais, tudo o que um “menino forte” não pode ser.
Aprendem então, desde cedo, a reprimir seus sentimentos e, quando crescem, têm a sua
sexualidade hiper estimulada através da indústria da pornografia, que, por sua vez,
incita a dominação através da agressividade. E aí está preparado o cenário para tantas
violências sofridas pelas mulheres.
Apesar de todo o sofrimento que os aflige, é importante que os homens reconheçam
os seus privilégios e entendam que seu papel é importantíssimo e fundamental na luta
contra o machismo. Informar-se, estar aberto a reconhecer o machismo em si (sim,
todas e todos, mulheres e homens somos machistas, já que somos frutos dessa
sociedade de base machista), abordar o assunto com os amigos e fazer terapia com
uma pessoa qualificada são boas diretrizes para a autotransformação e para apoiar a causa
feminista.
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