Parto normal x Natural x Humanizado

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De acordo com a UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking global de cesarianas, chegando a 57% dos nascimentos no Brasil. A OMS – Organização Mundial da Saúde, estabelece em 15% a porcentagem indicada de cesarianas em um bom sistema obstétrico.

A cesariana eletiva, que ocorre antes de a mulher entrar em trabalho de parto e quando não existem fatores de risco que justifiquem a cirurgia, é a grande responsável por esses números alarmantes. 

Ainda de acordo com a UNICEF, entre os estados com maiores percentuais de parto cesáreas estão: Goiás (67%), Espírito Santo (67%), Rondônia (66%), Paraná (63%) e Rio Grande do Sul (63%).

Mas como mudar este cenário? E quais são os motivos que levam a mulher optar por um procedimento cirúrgico com mais riscos em detrimento do parto normal que é mais saudável e seguro?

É necessário desmistificar o parto normal e suas variações. 

O parto normal ou vaginal é aquele em que o bebê nasce por meio do canal vaginal, diferente da cesárea, que consiste em um procedimento cirúrgico em que o bebê é retirado do útero pelo abdome.

O parto normal pode acontecer em casa, no hospital, ou em muitos outros locais, afinal nossos corpos sabem parir, não raramente acabam acontecendo no carro! rs Parto normal pode se dar de forma totalmente natural ou ter intervenções médicas, como o monitoramento do bebê (frequência cardíaca), exames de toque para checagem de dilatação, uso de hormônios como a ocitocina, uso de analgesia e outras intervenções.

Algumas delas são sabidamente benéficas e diminuem possíveis riscos do parto como o monitoramento da frequência cardíaca do bebê, outras não têm nenhuma indicação baseada em evidências científicas ou até mesmo aumentam os riscos de problemas no parto ou pós-parto, como procedimentos como descolamento de membranas, toques excessivos ou a episiotomia (corte no períneo). 

Essas intervenções não baseadas em evidências científicas podem ser formas de violência obstétrica. Muitas mulheres relatam passar por diferentes situações de violência obstétrica durante a gestação e parto, como violência verbal, coação, cortes indesejados e outros tipos de abusos, gerando insegurança nas mulheres, que acabam encarando a cesárea como um procedimento mais seguro.

Ao fim, o que temos é abuso de todos os lados: durante o parto normal, ou nos meses de pré-natal com a coação e indução para a “escolha” da cesariana, vendida como um parto mais seguro, estourando os índices não apenas de cesariana, mas também de bebês prematuros no país, totalmente em desacordo com o que mostram as evidências científicas e recomendações da OMS. Cesariana tem indicações médicas, mas a maioria delas acontece intra-parto e não durante o pré-natal. 

É fundamental coibir todos esses tipos de violência e garantir que a mulher seja tratada de maneira digna, respeitosa e seja bem informada, durante a gestação e no momento do parto.

Parto normal x natural x humanizado, o que são?

Em contraponto ao tratamento desrespeitoso e violento muitas vezes despendido à mulher durante qualquer tipo de parto, começou-se a criar a consciência e militância por um parto respeitoso, chamado também de humanizado. Nele a mulher é a protagonista, é bem informada, suas escolhas são acatadas e mãe e bebê são tratados de forma respeitosa. O parto humanizado pode ser um parto totalmente natural, ou seja, sem nenhuma intervenção médica, ou ainda ter intervenções necessárias para aquele caso específico, sempre baseado em evidências científicas e respeitando as escolhas da mulher.

Assim, em um parto humanizado, a mulher pode por exemplo pedir ou não analgesia, que é uma intervenção, assim como escolhe a posição para parir, seja deitada, agachada, na água, ou em muitas outras variadas posições. Já o parto natural é aquele em que nenhuma intervenção médica foi necessária, a natureza seguiu seu curso culminando com o nascimento do bebê.

No entanto, um parto normal/natural pode ter acontecido de forma violenta, por exemplo, no caso de violência verbal para com a parturiente, apressando o processo, dizendo que ela não seria capaz etc. O corpo é fisiologicamente preparado para dar parir e muitas vezes as muitas intervenções médicas e/ou violência é que acabam atrapalhando o processo.

O que costuma ser comum em um partos normais humanizados e naturais é presença de uma doula – figura feminina que de acordo com evidências científicas aumenta as chances de um parto normal sem intercorrências, principalmente por acolher e passar segurança à parturiente, encorajando-a e inclusive aliviando a dor.

E o parto em casa, é seguro?

Em países desenvolvidos, o nascimento em casa é algo já aceito com mais facilidade. No Brasil, muito por pressão médica, o parto domiciliar é encarado com maior preconceito. No entanto, vários estudos mostram que os riscos do nascimento em casa são baixos e muito semelhantes aos do parto normal hospitalar para gestantes saudáveis, ou seja, uma boa opção para muitas mulheres. O importante é que a mulher se sinta segura e bem amparada. 

Benefícios do parto normal 

Os benefícios de se ter um parto normal são muitos, aqui listamos alguns deles:

  •  A recuperação da mãe é mais rápida

O parto normal ou natural permite que a mãe se recupere muito mais rápido. O risco de infecções é muito menor e o canal vaginal (por ser um músculo) retorna ao seu tamanho normal em poucos dias.

No caso da cesárea (um processo cirúrgico), são mais de dois meses até que a mãe consiga realizar todas as tarefas do dia a dia sem impedimento físico.

  •  Favorece a produção de leite

O corpo da mulher consegue entender o nascimento do bebê, passando por todos os processos hormonais necessários e favorecendo a produção de leite, já muito próximo ao parto. O corpo que está no momento certo para parir tem mais chances de estar pronto também para amamentar.

  •  Ajuda na redução do útero

Assim como na produção de leite, o corpo passa a produzir hormônios que ajudam o útero a voltar ao seu tamanho original mais rapidamente. A amamentação e mais hormônios desencadeados também favorecem esse processo. 

  •  Favorece a saúde e imunidade do bebê

Ao passar pelo canal vaginal, o bebê recebe uma série de estímulos e células de defesa e microorganismos benéficos que ajudam na formação do sistema imunológico e respiratório entre outros, tornando assim a criança menos susceptível a doenças e infecções. 

Autor: Bruna Carvalho

Autor: Bruna Carvalho

Mãe do Valentim e da Dona Chica 🙂

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