Dizer que as mulheres são de Vênus é tão simbólico. Essa deusa do panteão romano tem como correspondente grega a Afrodite, nascida da espuma das águas, a mais bela, o Amor.
Ela representa esses atributos femininos em diversos mitos, mas não se preocupe este texto tem zero pretensão em citá-los ao pé da letra, até porque não conheço todos e são muitos.
As mitologias sempre me fascinaram, os diversos panteões presentes nas antigas e grandes civilizações que vieram antes de nós parecem querer nos dizer algo importante.
Especialmente os mitos de deuses e deusas, busco entende-los, como arquétipos de forças que, nós mortais, também possuímos em latência ou desenvolvimento.
Acho muito poético, por exemplo, Vênus, que com um de seus amantes, Marte (Ares), o senhor da Guerra, dá a luz a Harmoto ou Harmonia. É como se me dissessem que apesar dos conflitos internos que travo com minhas emoções posso harmonizá-las ao unir Amor e Ação.
Mas, hoje, vim dizer que Vênus tem duas caras, como Uranus é celeste, pura e sublime, como Pandemus é mundana, profana e vulgar.
Uma necessita da outra e uma não é melhor que a outra. São estados que a deusa vivencia em um movimento continuo de descida a terra e ascensão aos céus.
Acredito que ao me aproximar dessa deusa posso compreender um pouco mais sobre quem sou.
Vênus Uranus e seus atributos de beleza e amor
Falar dessa beleza e amor celestial não significa romantizar ou gerar o padrão “bela, recatada e do lar” como a única forma de conduta da mulher.
Nada disso! A beleza e amor que emanam desse aspecto de Vênus são a Beleza e Amor como ideia original e atemporal que tocam a alma e que a fazem transcender.
É sobre aprender como mulher a sentir-me bela para mim mesma e a cultivar amor próprio, essas são as primeiras lições que tiro ao me aproximar desta deusa.
Cultuada com diversos nomes e em diversas civilizações dentro da história da humanidade, essa divindade era um poder natural das mulheres que também carregam o mistério da vida.
A vida é o que há de mais divino e luminoso, por esse motivo a mulher é também divina e iluminada.
Reconhecer-se como tal não é exatamente natural nos dias atuais, e assim como nas antigas eras humanas, também devemos “nos fazer” como essa Vênus celeste, pois estamos numa condição de Vênus Pandemus.
Vênus Pandemus e o esvaziamento dos atributos de beleza e amor
Pandemus é o que pertence ao comum e rasteiro da matéria, essa face terrena da deusa se traduz em sua sensualidade meramente formal e superficial.
Abrindo espaço para vaidades e egoísmos de toda sorte. Por isso digo que estamos numa condição de Vênus Pandemus. Como um diamante bruto a ser lapidado a uma forma brilhante e valiosa.
Pode parecer utópico, mas é uma utopia possível de ser realizada. Estou falando de aceitar-se como é e escolher mudar aquilo que intimamente sabemos que pode ser melhor.
Não porque vivemos em uma sociedade impregnada de machismos, racismos e altamente materialista que tem invertido certos valores humanos que aparentemente ditam um padrão de como as mulheres devem ser ou o que esperam que sejamos.
O poder da Feminilidade e da Masculinidade tem características de receptividade e expansão, respectivamente, e cada pessoa ao nascer possui ambos, porém com uma proporção maior que a outra ao “se fazer” mulher ou homem.
E essa é uma Lei da Natureza na qual vou tentando me relacionar e observar como se complementam e dão origem a pluralidade que vivemos hoje, mas que em essência nunca deixará de ser única.
–
Artigo de opinião. Caso você discorde de algo ou gostaria de acrescentar outro ponto de vista vou gostar de saber.
–
Fique a vontade para me enviar seus comentários no meu e-mail nuna6costa@gmail.com ou via DM no Instagram @nuna_costa
–
Foto destaque: Estatueta de Vênus de Willendorf.
0 comentários